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espaço de
ideias e reflexões

Os versos de um poeta podem acordar uma alma. Porque a poesia ergue castelos de entusiasmo, desperta sonhos e amplia os horizontes de uma pessoa. O céu cinzento da história humana não pode obscurecer a visão. O passado já testemunhou tempos piores. Houve massacres, amores rompidos, crianças mortas inocentemente, lamaçal de corrupção, pena de morte à guilhotina e bruxas queimadas vivas. Entretanto, as atrocidades dos corações perversos não são capazes de romper os raios de luz que um olho bem-intencionado enxerga. Existe o sol brilhando acima das nuvens nubladas. Há uma esperança rebelde que vê o invisível, que constrói mundos divinos na planície dos homens.

O olho é um órgão de luz. Aquilo que se vê só é possível porque existem reflexos, existem raios, existe claridade que bate à porta da retina, entra olho adentro, no corpo, informando ao cérebro que há um milagre despontando: os olhos veem.

Olhar para cima, invocando a divindade; olhar para baixo, na direção da humanidade; enxergar os lados, localizando o corpo na dança da história – eis, pois, tarefas urgentes. 

Os lábios que evocam louvores na direção do Alto precisam ver o invisível. E o homem vive de coisas que não enxerga: o amor, alguém o viu? A beleza, quem a metrifica? O prazer do por do sol, a alegria da presença da pessoa amada, o entusiasmo de uma criança diante do brinquedo – algum ser humano é capaz de medir calculadamente essas visões do coração? 

As orações são uma forma de perceber e falar com o invisível. Mas só enxerga o que não está presente aquela pessoa que vê bem, olhando para baixo, com os pés cravados no chão. O olho atento vê primeiro o que está sob sua altura, ou abaixo dela. Mas vê, capta, informa-se. Para que? Para perceber o que se encontra ao lado, para saber com que corpos nosso corpo pode contar.

A poesia sempre desperta os sonhos adormecidos. Ela deixa o olho ver em diversas perspectivas. E isso faz muita diferença. Porque permite ver aspectos distintos de uma mesma coisa. Vejamos. Poetizemos. Acordemos.

 

Há sempre um novo no velho, há alguma dose de alegria na tristeza, há um mar de palavras no numa gota de silêncio. Em tempos cinzentos, os olhos precisam de poesia. Elas são capazes de despertar os ouvidos, de entoarem músicas revolucionárias. Os olhos poéticos têm o poder de contemplar a vida, o mundo, o nosso mundo, de maneira sempre radiosa. Isso se chama ESPERANÇA.

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