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espaço de
ideias e reflexões

sobre a importância

do bem viver 

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Questo tramonto, questa bellezza piena d

Engana-se quem pensa que uma vida boa consiste na posse muitos bens, no exercício de cargos importantes ou no acúmulo títulos. O bem viver é muito mais um estado de espírito, uma disposição interior, do que um imperativo econômico ou de status. 

Acordar cedo para contemplar o sol nascendo, tomar um banho na chuva, comer pipoca estourada pela mãe, deitar na grama ou acariciar os cabelos da pessoa amada, essas experiências são transcendentes. Elevam o ser humano à máxima potência. Produzem no coração uma sensação de leveza, de prazer continuado, de alegria infinita. É quase uma experiência de Deus que se faz no cotidiano. Porque os olhos necessitam de paisagens belas, o corpo de água pura e a alma de experiências gratificantes. 

Uma pessoa se torna feliz na medida em que se habitua a exercer as virtudes do olhar, os talentos do dizer e as maravilhas do experimentar as coisas. Porque o olho capta no exterior aquilo que se encontra escondido no interior. Ele desnuda a beleza e põe na vida um intervalo de alegria, um hiato de felicidade que faz tudo parecer perfeito – mesmo quando há, nitidamente, imperfeição. 

Dos olhos à boca: ela fala o que é capaz de enxergar de beleza. E de feiura também. Uma pessoa cega para as experiências belas sempre mergulha nas vulgaridades da fofoca, dos maus julgamentos, da indecência no falar. Mas aquele que olha bem, aquele que vê com o coração, é capaz de emitir sons de amor, dizer palavras do alto e tornar a vida mais gratificante.

E na medida em que o olhar se enamora do dizer, a experiência do corpo e da alma se misturam, num embalo cósmico, para produzir felicidade, esse dom da gratuidade revelado no sol que brilha, no corpo que se alegra dançando na chuva, no gosto da comida da mãe, na graminha espetando e fazendo coçar os braços ou na sensação transfigurante de ter os cabelos alisados pelas mãos de quem se ama. 

Gestos de pura gratuidade, pura fugacidade da vida. Gestos que dizem que a felicidade custa pouco, que o olhar define muito de nós e que as palavras que se fala são uma materialização visível do espírito escondido no interior de cada pessoa. 

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